Ficha de inscrição - Osh - Matthew Thompson

Matthew se afastava do ambiente barulhento, indo até a sacada. Se escora de costas no parapeito e olha para o interior do saguão de festas. Estava repleto de pessoas, que conversavam e dançavam ao som de música clássica. Apenas pessoas de fama e poder. Podia ver em um ou outro canto membros de algumas sociedades secretas, algumas das quais já havia sido convidado a ser contribuidor. Levantou os olhos, mirando o teto do saguão: Vários lustres finos pendiam do teto abobadado. Voltou a olhar para baixo e via os garçons servindo comidas caras para os convidados. Baixou a cabeça enquanto suspirava. Se virou de costas para a festa, se escorando sobre o parapeito e olhando para o horizonte escuro. Nem sempre a vida fora tão fácil, regada a dinheiro e festas...


Nascido de uma familia humilde do interior, Matthew nunca teve tudo o que quis. Fizera alguns bons amigos durante sua infância, costumava se divertir, mas sempre sonhou com a vida na cidade grande. Ainda jovem descobriu um costume estranho que tinha. Gostava de pegar emprestado as coisas de seus amigos, principalmente seus brinquedos, mas nunca os pedia imprestado. As vezes devolvia, mas se gostasse mesmo do pertence, ficava com ele. Estava próximo aos seus 14 anos, quando pegou emprestado de um amigo uma revista pornográfica. Estava tão encantado com a revista que nem viu que seus pais haviam chegando em casa. Se assustou quando ouviu os passos do pai próximo a porta e nem teve tempo de esconder a revista, escondendo-a por reflexo atras do corpo. Infelizmente seu reflexo não foi tão bom e seu pai viu a ação suspeita.
- Oque é isso ai na sua mão?
- N-nada pai...
- Como nada? por que escondeu isso? o que é? - e foi se aproximando de Matthew
- Nã-não é nada, p-pai...
- Deixa eu ver essa revista.
Seu pai vinha na direção dele e não havia nada que ele podesse fazer. Ia receber um castigo no mínimo. Provavelmente uma surra. Desejava com todas as forças que aquela revista não estivesse ali. Seu pai o pegou pelo braço e o virou e não viu nada. Não havia nada na mão do garoto. Ambos estavam com cara de surpresa. Ainda gaguejando, Matthew falou: E-eu disse q-que não era nada...
Seu pai então saiu do quarto, ainda tentando entender o que havia acontecido. Fechou a porta e partiu. Assim que viu a porta trancada, Matthew começou a procurar como louco a revista. Ela devia estar ali, caida pelo chão, tendo sido levada pelo vento, presa em sua roupa... Sei lá. Não havia onde aquela revista pudesse estar. Cansado de procurar, deitou sobre a cama, com os braços atras da cabeça. QUando escorou sua cabeça sobre os braços, sentiu algo estranho, como se tivesse deitado sobre papel, e ouviu barulho de amassado. Se levantou e viu a revista ali, sobre o travesseiro. Não havia entendido o que tinha acontecido, mas não seria ultima vez que algo assim aconteceria: nas semanas seguintes um lápis que ele colocou sobre a orelha desapareceria para aparescer dentro de seu bolso; Uma meia sumiria do seu pé, dentro do tênis, para cair dentro do box do chuveiro quando ele estivesse no banho; e Sua coberta sumiria de sua cama enquanto dormia para aparescer do nada entre seus pés enquanto caminhava pela casa, fazendo-o cair. Após essa sequência de acontecimentos estranhos, Matthew se convence de que isso é algo a ver com ele. Pega uma caneta e a segura firme, se concentrando nela. Se concentra com força, forçando a testa e trancando a respiração. De súbito sente um vento frio o atingir. Sua camisa havia sumido. Atinge a testa com força com uma palmada, e então se põe a se concentrar em sua camisa. E logo sente a camisa por sobre o ombro esquerdo. Veste a camisa e se concentra na caneta novamente, dessa vez fazendo-a desaparecer, para pouco depois faze-la reaparecer.
Após treinar um pouco sua habilidade, Matthew começou a fazer pequenos shows de mágica para conseguir dinheiro, fazendo coisas sumirem e aparecerem, até que um dia algo estranho aconteceu. Matthew fez sumir uma maça, e então a fez aparescer novamente. Mas ao fazer desaparescer um laranja, ao faze-la reaparescer, aparesceu uma maça. Ao tentar fazer reaparescer a laranja novamente, aparesceram mais duas maças. Finjindo ser parte do truque, finalizou o show. Voltando para seu quarto, pegou na mão uma moeda. Se concentrou nela e a fez sumir. Então posicionou a mao, com a palma aberta sobre uma latinha. CLANG fez sonoramente a moeda ao cair dentro da lata. Matthew então fechou os olhos e se concentrou novamente em fazer a moeda aparescer e... CLANG. Ao ouvir o som, Matthew pega a lata e verifica dentro. Eram duas moedas iguais. Matthew viu com orgulho sua habilidade evoluir: "Essa nova habilidade poderia ser uma boa adição comica aos seus shows, replicando frutas, objetos, moedas e... Replicar moedas? que ideia genial!" Pensou Matthew. Pegou uma nota de 5 dólares e a replicou. era idêntica. Ao ver as possibilidades se abrindo em um leque amplo a sua frente, Matthew sorriu largo. Replicou algumas notas maiores e saiu para viajar, deixando apenas um recado para seus pais. 17 anos, chegando na cidade grande com dinheiro ilimitado. Todos os seus sonhos se realizariam apartir daquele momento.


Ouve passos chegando próximo, um garçom com canapés. Pega um e agradece. Olha novamente para a festa, onde não faz falta alguma. Não sabe o nome de nem metade das pessoas ali, e também nem se interessa em saber. Todas pessoas desinteressantes, sem nada para lhe adicionar na vida. Apenas querendo falar sobre negócios, procurando investidores, ou curiosos sobre sua fortuna. Nota que há uma bela moça, de vestido longo azul escuro, aberto ao lado com grande decote e belos seios se aproximando. Nariz fino e lábios reluzentes, maças avermelhadas, com caracois negros caindo por sobre os ombros. Seu rosto é suave, mas tem a expressão daqueles que transbordam dinheiro. Seus olhos negros não desviavam dos de Matthew nem por um instânte enquanto ela se aproximava. Sem dúvida era uma mulher interessante, ao contrário daquelas com quem costumava sair para mater o tempo. A recebe com um sorriso, prontamente correspondido. A bela dama abre a sensual boca e diz...


Matthew chegava em Nova York sorridente. Desce do ônibus e fica abismado com a beleza do lugar. "Preciso me adequar a essa beleza", pensa o jovem indo em direção a uma loja de roupas próxima. Para em frente a loja e pensa duas vezes. Vê um pedestre e pergunta qual a loja de roupas mais cara da cidade e como se chegava lá, e logo segui as direções. Pouco tempo depois, Matthew saía radiante da loja, comprou um belo Porsche e uma bela casa, que logo trocaria por uma mansão. Passava seu tempo revezando entre festas caras, clubes de tiro e aulas de artes marciais. Rapidamente ficou conhecido na região, tanto por suas festas extravagantes, como por ser um ótimo lutador. Mas seu gosto maior eram as armas. Após se tornar o melhor atirador no clube de tiro que frequentava, decidiu que queria mais, entrando em contato com mercenários especializados para receber treinamento avançado. Sua arma favorita era uma Magnum .44. Adorava o peso da arma em sua mão, a reflexão da luz em seu cano longo, o cheiro da polvora... adorava puxar o gatilho e matar algo.


- Boa noite senhor Thompson, eu represento um grupo de pessoas poderosas, que adoraria se beneficiar de um membro com o seu potencial. Somos donos de boa parte da cidade e procuramos por aliados comerciais interessados em ampliar seus horizontes.
No final, não passava de mais um convite para alguma sociedade idiota que busca mais e mais dinheiro. Não conseguiam ver como aquilo era idiota. O dinheiro não traria aquilo que ele quer. Não percebe, mas seu sorriso de desfaz um pouco.
- Desculpe-me, mas não estou interessado, senhorita...
- Black. Emilly Black. Eu o recomendaria pensar duas vezes senhor Thompson, nós não costumamos oferecer duas vezes. - fala esticando um cartão. - Nosso número está no cartão, caso se interesse. - Diz enquanto sai da sacada, desaparecendo entre a multidão.
Matthew olha então para o cartão, branco com escritos em dourado. Pode-se ver escrito em letras grandes "Clube do Inferno". Não tinha certeza do que era, mas sabia que era grande. Havia ouvido o nome uma ou outra vez entre os mercenários que havia pago para lhe ensinar a matar. Armazenou o cartão com seu poder.
- É.. Quem sabe um dia...